“As coisas são simples ou impossíveis.”
Bertrand Russell
Em 2001, fui convidada por Sydney Possuelo a participar da Expedição Ajuricaba, cujo objetivo era avaliar o entorno das áreas com índios isolados. Desde sua atuação como presidente da FUNAI, Sydney entendia que não há necessidade de fazermos –ou melhor, forçarmos- contato com os povos ancestrais.
Nessa experiência que mudou completamente minha vida, tive a oportunidade de observar a simplicidade das relações dos indígenas com a Natureza. Por exemplo, diante de 832 milhões de Igarapés, dentro de uma canoa muito para lá de frágil, o condutor sabe o caminho a seguir. “Como?” pergunto eu e dentro de uma simplicidade absoluta, ele me responde: “Ah...sabendo...”.
Dentro da física, não é só a mecânica quântica e a clássica que são opostas pelo vértice. A física newtoniana e a astronomia ptolomaica têm mais mistérios do que poderia supor nossa vã filosofia.
No entanto, o que se busca é a simplicidade. A física tem que ser simples.
Por quê?
Porque hoje trabalhamos com quatro sistemas fechados: a mecânica newtoniana, a termodinâmica estatística, a relatividade e a mecânica quântica.
Cada um desses campos tem um conjunto de axiomas tão simples que chega a ser pueril e que, no entanto, abarca inúmeras interrelações que constituem as leis da física.
Essa simplicidade vai ao encontro da perigosíssima relação entre mapa e território.
Na física teórica, por exemplo, imaginamos situações que submetemos a testes e relacionamos então a fórmulas, de modo a descrever nossas observações de fenômenos.
A delicadeza da situação reside em nossos egos. Uma hipótese que alcança a categoria de teoria, nos dá a sensação de termos descoberto o fogo, quando estamos apenas inventando fórmulas que, incorporadas a um sistema axiomático, descrevem –a nosso ver- a realidade; quando na verdade, descrevem –se tanto- em segmento dela.
Extremamente simples.
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