“Legalmente, um homem é culpado quando viola os direitos de outros.
Eticamente, ele é culpado se pensar em fazê-lo.”
Immanuel Kant
O objetivo desta avaliação é informar ao público em geral sobre as condições mínimas de avaliação de um projeto que supostamente reduz ou elimine gases de efeito estufa (GEE) e/ou outras emissões antrópicas negativas. Para fins de esclarecimento, consideremos procedimentos usuais seguidos por websites/padrões ao redor do planeta, que propõem a remoção de emissões de GEE por meio da venda de créditos de carbono.
Infelizmente, projetos supostamente geradores de crédito que estão frouxamente ligados à realidade continua sendo um problema. O desconhecimento coloca em risco a confiança em projetos comprovadamente sérios e que podem realmente contribuir para a mitigação dos impactos antrópicos globais, por meio da correta aplicação de normas, metodologias, ferramentas, diretrizes e procedimentos que resultem em planos de monitoramento que demonstrem – por meio de evidências objetivas – a efetiva remoção de emissões de GEE e, de forma mais geral, a remoção de impactos antrópicos negativos sobre o meio ambiente.
Os websites/padrões de crédito de carbono menos sérios geralmente apresentam os seguintes tópicos:
BASE CIENTÍFICA – Normalmente, não são encontrados dados científicos para respaldar a efetividade de remoções de emissões. Toda a informação disponível apela à emoção e à “culpa pessoal”, com uma forte sugestão de que todos devem reduzir a sua pegada ambiental. Dados não referenciados e genéricos são tudo o que é demonstrado.
CALCULADORA DE CARBONO - Não é possível aplicar uma calculadora genérica ou universal para GEE ou outras emissões antrópicas, pois é preciso levar em consideração a matriz energética local, para estabelecimento da linha de base correta e consequentemente, da pegada ambiental.
COMPRA DE CRÉDITO DE CARBONO – Normalmente, não há evidências que comprovem a eficácia dos projetos patrocinados pelo website. O visitante do site não tem acesso a informações que lhe permitam chegar a uma conclusão quanto à qualidade e precisão técnica dos projetos e como são estabelecidos os preços dos créditos.
A seguir, descreveremos o procedimento passo a passo que avalia efetivamente a qualidade de um projeto de remoção de emissões antrópicas negativas.
PRIMEIRO PASSO – Descrição do Padrão escolhido aplicado à atividade de projeto. – Existem diversos padrões disponíveis no Mercado e, evidentemente, deve-se optar por um que garanta a eficácia da implementação de um plano de monitoramento que resultará na geração de carbono/ecocréditos.
SEGUNDA ETAPA – A escolha de uma metodologia e ferramentas correspondentes - Um Padrão sério possui metodologias específicas para diferentes tipos de remoções de emissões antrópicas negativas. Através da aplicação da metodologia correta e ferramentas correspondentes, torna-se possível criar um plano de monitoramento que permitirá uma verificação periódica (geralmente anual) do projeto.
TERCEIRA ETAPA – Elaboração de um Documento de Concepção do Projeto (“DCP”) - Uma vez determinada a metodologia que melhor se adéqua à atividade de projeto, deve-se redigir um PDD. Como exemplo, vamos nos referir a um projeto de preservação florestal. Nesse caso, o DCP deve descrever de forma clara, precisa e específica as seguintes informações:
QUARTA ETAPA – Validação do Projeto – Nesta fase do processo, o DCP deve ser submetido a um Organismo de Certificação reconhecido pelo Padrão escolhido. A validação geralmente é realizada em duas etapas: a primeira etapa refere-se a um desk-review, quando uma equipe designada pela Certificadora para auditar o projeto confirma que não há nenhum tipo de conflito de interesse, que os documentos comprobatórios estão corretos e que os cálculos e dados descritos no DCP são precisos. Na segunda etapa, a Certificadora enviará uma equipe ao local, para avaliar a precisão de todos os dados do projeto fornecidos.
QUINTA ETAPA – Registro do Projeto – Uma vez avaliada e confirmada a veracidade e exatidão dos dados apresentados no DCP e documentos de suporte, a Certificadora encaminhará o DCP e um Relatório de Validação ao órgão responsável pela registro da atividade de projeto. Ali, todos os documentos serão avaliados pelo comitê técnico do Padrão. Em caso de cumprimento de todas as regras estabelecidas, o projeto é registrado. É somente a partir deste momento que um projeto começa a gerar créditos (considerando que já esteja implementado).
SEXTA ETAPA – Verificação – Após um período estabelecido pelo proponente do projeto, ele poderá convocar uma auditoria (sempre por uma Certificadora reconhecida pelo Padrão) para verificar a eficácia do projeto gerador de carbono/ecocréditos. Nesta fase, o proponente do projeto apresentará ao auditor o plano de monitoramento e as evidências objetivas de apoio, demonstrando a conformidade com o plano. O resultado final deste processo é um relatório de verificação.
SÉTIMA ETAPA – Certificação – Após o resultado positivo do processo de verificação, o auditor do projeto encaminhará o Relatório de Verificação e o Relatório de Certificação -com o volume de créditos gerados pelo projeto- ao órgão competente dentro do Padrão que, por sua vez, procederá com a emissão dos referidos créditos. Um detalhe importante deve ser considerado, no que tange a esta etapa do processo. Todos os créditos de carbono/eco-créditos devem ser emitidos ex-post (após o fato) e, portanto, o proponente do projeto contratará periodicamente um Certificador para realizar avaliações de verificação/certificação. Normalmente, essas avaliações ocorrem uma vez por ano.
OITAVA ETAPA – Outorga – Concluídas todas as etapas anteriores, o Padrão procederá à emissão dos créditos que deverão conter número de série e possibilidade de rastreabilidade.
Somente após o cumprimento deste processo podemos ter certeza de que os créditos de carbono/ecocréditos são efetivos e reais. Se, pelo contrário, este processo não for claro, evidente, descrito e comprovado, ao adquirir um crédito estamos potencialmente sujeitos a enganos graves.
Finalmente, os seguintes documentos são o que esperamos encontrar em um website que promova a venda de carbono/eco-créditos.
Para maiores informações sobre Prisma Planck E, entre em contato.
A missão do Prisma Planck E é promover ideias, produtos e teorias que ainda não chegaram ao mainstream, conforme capturado em nosso primeiro comunicado Excêntricos e suas Soluções Geniais.
Inscreva-se para receber o nosso Boletim Prisma Planck E, completo com as mais recentes soluções geniais. Clique aqui para o formulário.
Incentivamos você a enviar sua solução genial, artigo, comunicado à imprensa ou ideia técnica "fora do mainstream" para publicação no Prisma Planck E. Envie-nos um e-mail para prisma@planck-e.com e pergunte como.
Para saber mais sobre engenharia holística, soluções inspiradas na natureza, monetização de deseconomias, petróleo e gás, treinamentos ou incorporação do Being Data ao seu dia-a-dia, siga-nos nas redes sociais.