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A Enação de Varela

“Não há como chegarmos à consciência sem dor.”

Carl Jung

 

Segundo Gödel, ao questionarmos nossa consciência assumimos que o fazemos a partir de um nível de Complexidade superior ao nosso metabolismo.  Ou, que há uma separação corpo/espírito e que o último funciona em um ambiente acima da realidade.

Para alguns biólogos, a evolução da organização da matéria atinge níveis de Complexidade cuja epítome seria a emergência da consciência.  Para eles, a interrelação de pensamentos, de todos os sentimentos que metabolizamos, a partir de nossa apreensão de uma realidade permanente e exterior leva à aparição da consciência.

Ora, se assim for, estamos fadados à derrota e a inteligência artificial certamente vai acabar com nossa raça; uma vez que nossos cérebros não seriam mais do que processadores orgânicos de informações.

Em um primeiro instante, isso me leva à seita pitagórica, que tinha na perfeição dos números a resposta para nossa existência; já que essa corrente de biólogos chega a afirmar que a Complexidade das interrelações entre os neurônios daria origem ao espírito.

Pensando um pouco mais, e para meu grande alívio, chego à inteligência serena de Francisco Varela, biólogo chileno que, junto a seu colega e conterrâneo Humberto Maturana revolucionou a consciência.  Maturana com a autopoiese, sobre a qual já falei e Varela, com a enação, ou a congruência complementar de dois pontos: percepção e cognição.  A percepção que evolve da senciência que dividimos com os animais e a cognição, onde a interação de nossos metabolismos com um evento, somados à percepção, permitem-nos a experiência do Consensus.

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